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«2013 será o ano da inversão na atividade económica», da «estabilização económica e preparação da recuperação», disse ontem Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro e presidente do PSD, numa Festa do Pontal que não chegou a aquecer.

Apesar de nunca ter usado, ao longo do seu discurso, a palavra «retoma», Passos Coelho disse ainda que «estamos mais próximos de vencer a crise e voltar uma das páginas mais negras da história da nossa pátria».

O primeiro-ministro garantiu que o seu Governo tem um programa «de quatro anos» e que tem «a ambição de o poder vir a renovar, porque Portugal precisa de mudar continuamente e de não voltar à cultura da facilidade do endividamento».

«Sabíamos que íamos entrar numa corrida de fundo. Apresentámos um Orçamento do Estado e estamos a cumpri-lo. Vamos apresentar o segundo orçamento de vários que este Governo dará a conhecer ao país. Se estamos a dobrar metade das avaliações com a “troika” só estamos a um quarto do nosso mandato», acrescentou Passos Coelho, no salão do parque aquático Aquashow, perto de Quarteira, para onde se mudou a Festa do Pontal este ano.

Perante uma audiência composta por militantes e simpatizantes do PSD, o presidente do partido não se coibiu de enviar recados à oposição, nomeadamente ao PS: «há ainda quem pense que depois deste ínterim o regabofe pode voltar e fazer promessas que depois sabem a fel. Enganam-se. São os mesmos, grosso modo, que pensavam que as eleições em França iam mudar tudo na Europa e que os outros países não iam precisar de fazer sacrifícios».

Apesar de o ambiente na sala nunca ter aquecido, nem quando a caravana da marcha lenta anti-portagens passou à porta do Aquashow, Passos Coelho falou igualmente de outros temas quentes da atualidade do país, como a evasão fiscal, à qual prometeu «um combate sem tréguas» ou a renegociação das Parcerias Público Privadas (PPP) rodoviárias em 2013.

Estas são, aliás, medidas que hão de constar do Orçamento de Estado para o próximo ano, tendo o primeiro-ministro anunciado que ele próprio se encarregará de «apresentar perante o país» a «solução» alternativa ao corte de subsídios de férias e de Natal a trabalhadores do setor público e pensionistas, que o Tribunal Constitucional considerou inconstitucional.

É que, salientou, o Governo, apesar de apostado em «cumprir as metas fixadas» no âmbito do acordo com a “troika”, vai adotar uma medida com «efeito orçamental equivalente» ao do corte dos subsídios.

Em relação ao clima económico do país, Passos Coelho frisou que «a mudança de atitude económica depende muito também dos agentes privados e nesta altura depende também de os bancos poderem reafetar as suas carteiras de crédito».

«Que aqueles que têm boas ideias possam ser apoiados depende não apenas dos incentivos do Governo e da orientação do Governo, mas da atitude que os próprios bancos venham a revelar», disse ainda, numa clara alusão às críticas surgidas na semana passada sobre a recusa de financiamentos por parte da CGD a grandes projetos privados, como o do Grupo Roquette em Alqueva.

«Não me peçam para ir à Caixa Geral de Depósitos saber porque não dá empréstimos a este investidor ou a outro, porque a função da CGD não é responder ao Governo se deve dar empréstimos a este investidor ou a outro. Mas como eu gostaria que a CGD e os outros bancos todos tratassem aqueles que têm boas ideias sem preconceito e independentemente das dívidas que possam ter nos seus bancos. É preciso dizer isso».

A questão dos sacrifícios impostos pelas medidas de austeridades aos portugueses perpassou todo o discurso de Passos Coelho, que manifestou o seu «orgulho» pela forma «abnegada» como os portugueses têm atuado na recuperação do país.

Até pode haver «outros caminhos» para resolver a crise, admitiu, mas não há outro «melhor» do que o escolhido pelo Governo, garantiu. «Os nossos sacrifícios vão valer a pena, os nos nossos sacrifícios estão a valer a pena», salientou.

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