«Para os nossos concidadãos, a luz ao fundo do túnel chama-se Partido Socialista e o PS não pode desiludir os portugueses, mas também não os pode enganar». As palavras são de Isilda Gomes, membro do secretariado nacional dos socialistas, falando em representação do secretário-geral António Costa, no Jantar de Ano Novo do PS/Algarve, sexta-feira, em Faro.
Isilda Gomes começou a sua intervenção pedindo um minuto de silêncio pelos valores da liberdade, igualdade e solidariedade, que «são os valores do Partido Socialista», e que foram gravemente atingidos pelo atentado da semana passada contra o jornal humorístico francês Charlie Hebbdo.
A também presidente da Câmara de Portimão e única representante do Algarve no secretariado nacional dos socialistas começou por falar do ano de 2015, que será de eleições legislativas, salientando que «nos espera um trabalho muito complicado, momentos muito difíceis».
Isilda Gomes salientou que, «ao contrário do que o PSD costuma dizer, quem sempre levantou este país nos momentos maus foi sempre o Partido Socialista», sendo essa a tarefa que, na sua opinião, espera o PS caso ganhe as Legislativas de 2015.
No entanto, avisou, «se o PS falhar outra vez, é a própria democracia que fica em causa, porque ninguém vai acreditar mais nos partidos políticos». Daí a necessidade de «não enganar os portugueses» e de apresentar «propostas exequíveis». «Não podemos correr o risco de prometer mundos e fundos e depois não podermos cumprir».
É que, sublinhou Isilda Gomes, «não podemos pensar que, quando o PS ganhar, por um passe de mágica, todos os problemas se vão resolver. Não vamos ter um caminho fácil!»
Perante uma sala cheia, com cerca de uma centena de destacados militantes e dirigentes socialistas de todo o Algarve, António Eusébio, presidente da Federação do PS algarvio, começou por falar dos problemas da saúde na região, tendo denunciado que «ontem [quinta-feira, dia 8], as urgências do Hospital de Faro estiveram a ser asseguradas por médicos estagiários, incluindo os que estão nos centros em medicina geral e familiar, sem nunca terem passado pelos hospitais».
«Este é o facto mais evidente do que se está a verificar nos serviços da administração pública, inevitável, em virtude da política que está a ser seguida no setor. Há uma ausência total de gestão de recursos na administração pública e a consequência tem sido a saída em massa de funcionários para o setor privado», acrescentou.
Já antes Isilda Gomes tinha referido a saúde, salientando que, «neste momento, quem tiver alguma capacidade económica já não vai ao público, vai ao privado». Por isso é que, acrescentara, «os hospitais privados estão cheios de gente».
Também o líder dos socialistas algarvios se referiu ao ano de Legislativas, anunciando que, a 1 de Fevereiro, o secretário-geral António Costa estará em Tavira, para «falar com todos os algarvios». Será também, disse, uma forma de «marcar o início de um grande ano que nos vai dar muito trabalho».
Entre as tarefas dos socialistas para 2015, António Eusébio falou das questões sociais, do desemprego, da reforma do Estado, defendendo «o reforço de medidas de descentralização», mas partindo «do que já existe, ou seja, das CCDR».
Para isso, disse, é «necessário avançar com a sua desgovernamentalização e legitimação democrática pelos autarcas da região e fortalecer a integração territorial das políticas públicas, integrando alguns dos atuais serviços regionais desconcentrados, e ainda, utilizar as Comunidades Intermunicipais para o desenvolvimento de serviços partilhados, por exemplo nas áreas do ensino, da saúde, da proteção social, do emprego e da formação profissional».
O presidente do PS/Algarve falou também no reforço de competências das Câmaras Municipais, que considerou «um grande desafio».
E sublinhou que, ainda na sexta-feira, os presidentes de Câmara «aprovaram O Plano Intermunicipal de Alinhamento com a Estratégia 2014-2020», defendendo que «neste momento, as Câmaras Municipais, através da Comunidade Intermunicipal, têm definidos, para o PO do Algarve 2014-2020, os investimentos devidamente priorizados e com um Plano de Ação».
No entanto, recordou, o Algarve é «das regiões do País que menos dinheiro têm neste quadro comunitário», além de que grande parte das verbas atribuídas à região virão do Fundo Social Europeu, «um fundo com o qual as autarquias não estão habituadas a trabalhar», o que poderá acarretar «taxas de execução muito baixas» e a consequente necessidade de reformular «daqui a dois anos». «Embora se anunciem muitos milhões, estou convicto que vão existir muitas dificuldades de acesso aos fundos», frisou António Eusébio.
Depois de sublinhar que a região tem de «repensar o seu modelo económico», o presidente do PS algarvio terminou concluindo que «os próximos meses serão decisivos para o futuro do Algarve».
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