Entrou na política pela mão do antigo presidente da Câmara Gilberto Viegas (PSD), foi eleito vereador pela lista de Adelino Soares (PS), partido do qual saiu, batendo com a porta em Janeiro, em conjunto com outros destacadas militantes locais, após um longo diferendo com o autarca socialista. Agora é candidato independente à Câmara de Vila do Bispo, mas apoiado pelo PSD.
Trata-se de Afonso Nascimento, cuja candidatura deverá ser apresentada oficialmente ainda esta semana.
Em breves declarações ao Sul Informação, Afonso Nascimento, que se mantém como vereador, embora com o estatuto de independente e sem pelouros atribuídos, levantou um pouco do véu sobre a candidatura do movimento «Juntos pela Mudança», que disse ser integrado «na sua maioria por pessoas que nunca fizeram parte de nenhum partido». Mas o candidato, que se afirma como «independente», não quis revelar nem quem integra as listas, nem o seu programa de candidatura…nem o seu currículo.
Há uma semana, contactado por telefone e por email pelo nosso jornal, Afonso Nascimento pediu para «ter alguma paciência», uma vez que, «seguindo as intenções deste grupo de independentes, os primeiros a ter acesso a essas informações serão os munícipes do concelho de Vila do Bispo».
No dia 21 de Junho, quando anunciou que «o processo de escolha dos candidatos à presidência dos dezasseis municípios algarvios está concluído», o PSD/Algarve fez questão de sublinhar «a elevada participação de cidadãos independentes nas listas aos diversos órgãos autárquicos, em particular em Olhão e Vila do Bispo». «A presença de independentes é muito significativa e emana de movimentos espontâneos da sociedade civil, visando sempre e em primeiro lugar a defesa dos interesses das populações de cada um dos concelhos», salientaram os social-democratas no seu comunicado.
Mas o processo da escolha de Afonso Nascimento para liderar esta candidatura que se afirma como independente e que elegeu como alvo a abater o atual presidente da Câmara, o socialista Adelino Soares, não é vista com bons olhos por alguns setores do PSD local.
Ao que o Sul Informação apurou, depois de inicialmente se terem recusado a candidatar-se pelos social-democratas, devido aos baixos números obtidos num inquérito informal de opinião feito entre a população há alguns meses, há agora dois militantes do PSD que, em protesto pelo apoio do seu partido a Afonso Nascimento, estarão a tentar avançar com uma outra candidatura, também dita independente, à Câmara e à Junta de Freguesia de Vila do Bispo.
Todo este imbróglio, aliás característico da política naquele concelho do Sudoeste algarvio, começou com o mau relacionamento entre o presidente da Câmara Adelino Soares e o presidente da Assembleia Municipal, Nuno Amado, também líder da concelhia do PS local.
Depois de os socialistas de Vila do Bispo terem retirado a confiança política a Adelino Soares, o atual autarca conseguiu levar a sua avante e viu a sua recandidatura confirmada, primeiro a nível regional e depois central, pelo PS.
Isso foi a gota de água num enorme copo de mau estar, que culminou em Janeiro, com a saída de Nuno Amado, Afonso Nascimento e de um grupo de destacados militantes do Partido Socialista, que entregaram mesmo os seus cartões.
Logo nessa altura, Nuno Amado, em comunicado, apelou a «uma união de movimentos independentes e outras forças partidárias, com vista à apresentação de um projeto credível para as próximas eleições autárquicas». O que surgiu, já se sabe, é esta candidatura «Juntos pela Mudança», liderada por Afonso Nascimento e contando com o apoio explícito do PSD.
Entretanto, as outras forças partidárias também já estão a posicionar-se no terreno. A CDU anunciou, em meados de Abril, que a sua candidata será Paula Vilallonga, uma médica a exercer em Sagres e Vila do Bispo.
Quanto ao Bloco de Esquerda, ainda não foi anunciado o seu candidato, mas tudo indica que a lista à Câmara será encabeçada por Sebastião Pernes, guia de natureza e atual líder da bancada dos bloquistas na Assembleia Municipal.