A discórdia pelo facto de considerar o CDS uma «muleta» do PSD e a «falta de presença dos centristas nos problemas do Algarve» levaram Rui Calado, vice-presidente da Comissão Política Distrital do CDS-PP, a apresentar, esta terça-feira, 30 de Maio, a sua demissão daquele órgão.
José Pedro Caçorino, presidente da Distrital, aceitou a decisão, mas contraria, dizendo que o CDS «não precisa» de uma nova estratégia.
Em declarações ao Sul Informação, José Pedro Caçorino disse «não considerar» que o CDS seja a tal «muleta» do PSD. É que, face às Eleições Autárquicas, o que «houve foi uma decisão global em relação a alguns concelhos», argumenta.
Os centristas só vão apresentar candidato próprio às Câmaras de cinco municípios em todo o Algarve (Lagoa, Albufeira, Tavira, Silves e Monchique). Em Vila Real de Santo António, o CDS não vai mesmo a eleições, por não ter conseguido encontrar um candidato.
Nos restantes 10 concelhos algarvios, o CDS concorre coligado com o PSD, também devido à «proximidade ideológica», justifica José Caçorino, mas sempre com pelo menos um elemento do partido nas listas.
«A questão estava definida: existem reuniões regulares da Comissão Política Distrital do CDS. As Autárquicas têm-nos preocupado bastante. Se o Rui Calado gosta, não sei, mas a decisão tem sido partilhada», revelou, nas suas declarações ao nosso jornal.
Rui Calado, por seu lado, explicou ao Sul Informação que «esta Comissão Política se tinha apresentado com alguns pressupostos», como «estar mais perto das pessoas, e as coisas não aconteceram». «Não posso pactuar com essas situações: senti-me desconfortável e só tive um caminho», acrescentou.
Uma das questões que Caçorino pensa que poderá ter pesado na decisão de Rui Calado é o desfecho negativo de uma candidatura que esteve para avançar em Lagos (cidade onde o demissionário vive e trabalha). José Pedro Caçorino recordou, ao nosso jornal, que, em cima da mesa, chegou a estar uma candidatura independente à Câmara de Lagos, liderada por Nuno Marques (atual vice-presidente da CCDRA e antigo candidato do PSD à autarquia lacobrigense), algo que Rui Calado via «como uma boa opção». Só que essa candidatura… acabou por não seguir em frente.
No entanto, Rui Calado desmentiu que essa questão tenha tido qualquer papel na sua decisão de demitir-se da Distrital.
Ao que o Sul Informação apurou, também a negociação das posições dos elementos do CDS nas listas das coligações autárquicas com o PSD, nomeadamente em Faro, tem causado algum mau estar entre os centristas.
Quanto à alegada falta de presença do CDS nos problemas da região, defendida por Rui Calado, por exemplo no que diz respeito às obras na EN125, o presidente da Distrital dos centristas diz não concordar «inteiramente». «Estamos num momento de maior preparação do período autárquico. Antes tomámos posição pública sobre aquilo que deveríamos tomar», acrescenta, dando o exemplo da estação de comboios de São Marcos da Serra. «Nós estivemos junto das populações e demos indicação ao Grupo Parlamentar da nossa posição e da das pessoas», explica.
Rui Calado, que já não tinha comparecido a algumas das últimas reuniões da Distrital, considera, por outro lado, que os «partidos não estão a olhar para a sociedade civil com a responsabilidade e serviço de missão que deveriam ter».
Na sua carta de demissão, enviada às redações, o antigo vice-presidente dos centristas algarvios lamenta que «se tenha chegado a este ponto». «Sempre alimentei a esperança e a vontade de que, mais dia, menos dia, tudo se iria resolver. No entanto, ao fim de todo este tempo, não foi esse o desfecho», acrescenta.
Ainda assim, José Pedro Caçorino defende que a Distrital está «forte» e vai prosseguir «o seu caminho».