O ministro do Ambiente, que visitou ontem os concelhos de Sines e Odemira, disse que «o litoral português é, em toda a Europa, uma das zonas que já sente, e sentirá, os efeitos das alterações do clima. Temos que nos adaptar à subida do nível das águas do mar e à ocorrência dos fenómenos climáticos extremos».
O ministro João Pedro Matos Fernandes, que esteve no litoral alentejano para inaugurar três empreitadas de requalificação e valorização da orla costeira, da responsabilidade da Polis Litoral Sudoeste, salientou que, na sequência do recente Acordo de Paris, é preciso apostar na «descarbonização da economia».
Mas há ainda que investir em medidas de mitigação dos efeitos das alterações climáticas e de adaptação. Em Portugal, anunciou, essas medidas «irão incluir ações específicas de defesa do litoral, de reflorestação, em particular das áreas protegidas e de gestão eficiente das redes de drenagem de águas pluviais».
O dia do ministro do Ambiente, que foi acompanhado pela secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Célia Ramos, pelos presidentes das Câmaras de Sines e de Odemira e ainda pelos responsáveis da Sociedade Polis Litoral Sudoeste, começou com uma visita a um dos troços da empreitada de proteção e recuperação de Sistemas Dunares e Arribas, que compreende as zonas de São Torpes, Morgavel e Porto Covo, no concelho de Sines.
De acordo com a Sociedade Polis Litoral Sudoeste, esta empreitada pretende «contribuir para o restabelecimento do equilíbrio geomorfológico do sistema duna-praia e para a resiliência deste troço costeiro, afastando os veículos automóveis do areal e desincentivando o atravessamento casuístico de pessoas sobre a duna primária embrionária».
A aposta passou pela colocação de uma paliçada contínua, com cerca de 2,5 quilómetros de extensão.
«Durante a próxima época balnear será implementado um conjunto de painéis com informação ambiental, de forma a melhorar o conhecimento e a identificação das ameaças e das potencialidades decorrentes do funcionamento da zona costeira, numa perspetiva de garantir a sua sustentabilidade ecológica, ambiental e social», adiantou a Sociedade Polis.
Mais tarde, o ministro do Ambiente inaugurou a empreitada de “Valorização e Qualificação da Praia da Samouqueira”, em Sines, orçada em cerca de 217 mil euros, que contou com cofinanciamento comunitário através do Plano Operacional de Valorização do Território – POVT.
A proteção e equilíbrio do ecossistema litoral, a proteção e estabilidade das arribas, minimizando os riscos e reforçando a salvaguarda de pessoas e bens, neste troço costeiro cuja apetência balnear tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos, foram alguns dos objetivos da obra.
O projeto inclui igualmente as Praias de Porto Covinho e Praia Grande de Porto Covo, ordenando a circulação automóvel e pedonal, retirando-as das faixas de risco das arribas, com um objetivo de mitigar fenómenos de erosão costeira e salvaguardar pessoas e bens.
A primeira fase do projeto, a que corresponde a empreitada agora concluída na Praia da Samouqueira, previa o ordenamento e reconversão de caminhos, balizando-os em determinados locais e percursos, e a restrição da circulação automóvel, soluções que permitirão reduzir as ocupações em zonas sensíveis e de risco.
A proteção e recuperação do património natural foram também contempladas nesta intervenção, através da recuperação do coberto vegetal em áreas degradadas, da remoção de vegetação invasora e da plantação/sementeira de espécies autóctones em cerca de 950 metros quadrados, com soluções que irão contribuir para a mitigação de um dos fatores de maior relevância ao nível da erosão costeira, e consequentemente, para a preservação e estabilidade da arriba.
Já no concelho de Odemira, o ministro inaugurou a empreitada de valorização e requalificação da Praia das Furnas, orçada em cerca de 234 mil euros e que contou com cofinanciamento comunitário, através do Programa Operacional Regional do Alentejo – InAlentejo.
Esta intervenção teve como objetivo a melhoria dos acessos e das condições de utilização e de segurança do espaço balnear, associada à proteção e valorização dos recursos naturais existentes, designadamente do extenso cordão dunar que antecede a zona de areal.
A empreitada consistiu no reperfilamento e balizamento da faixa de rodagem e das bolsas de estacionamento, impedindo-se assim o estacionamento desordenado e abusivo, na criação de um percurso pedestre ao longo da área de intervenção, na remoção da antiga paliçada existente para proteção do sistema dunar, na plantação de espécies arbóreas e colocação de sinalética rodoviária e informativa adequada.
Foram também incluídos na empreitada os trabalhos de recuperação dos quatro acessos sobrelevados ao areal em passadiços de madeira e do mobiliário urbano, assim como os trabalhos de reformulação do sistema de drenagem pluvial.
Na área de intervenção do Polis Litoral Sudoeste estão ainda previstas dragagens na foz do rio Mira, junto à praia das Furnas, empreitada orçada em 1,3 milhões de euros.
