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Scorecard_Portugal-1Portugal ficou classificado em 7º lugar (onde os 3 primeiros não foram atribuídos) em termos de melhor desempenho relativamente às políticas na área das alterações climáticas, segundo o Climate Change Performance Index (CCPI).

Esta classificação compara o desempenho de 58 países que, no total, são responsáveis por mais de 90% das emissões de dióxido de carbono associadas à energia.

Na prática, Portugal é o 4º melhor país, tal como ano passado, na medida em que os três primeiros lugares ficaram vazios, por se considerar não haver, por agora, nenhum país merecedor do pódio no que respeita à proteção do clima.

O objetivo do índice é aumentar a pressão política e social, nomeadamente nos países que têm esquecido o trabalho nacional no que respeita às alterações climáticas.

No ano passado, Portugal obteve o terceiro lugar do índice, que foi entretanto revisto para quarto face a uma atualização da série de dados da Agência Internacional de Energia em que o índice se baseia.

O Climate Change Performance Index (CCPI) é um instrumento inovador que traz maior transparência às políticas climáticas internacionais.

O índice é da responsabilidade da organização não governamental de ambiente GermanWatch e da Rede Europeia de Ação Climática. A Quercus, que integra esta Rede, colaborou na avaliação qualitativa pericial efetuada a Portugal. O anúncio é feito hoje, 8 de Dezembro, na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP20), que está a ter lugar em Lima, no Peru.

A metodologia revista é centrada principalmente em indicadores objetivos: 80% da avaliação é baseada em indicadores de emissões (30% função dos valores de emissões e 30% função da evolução recente das emissões), eficiência (5% relacionado com nível de eficiência energética e 5% com a evolução recente) e ainda o recurso a energias renováveis (8% em função da evolução recente e 2% função do peso do total de energia primária de fontes renováveis).

Os restantes 20% baseiam-se na avaliação de mais de 300 peritos dos países analisados, tendo a Quercus intervindo neste critério.

O CCPI2015 foca-se particularmente na questão da política nas áreas das energias renováveis e eficiência energética, por se considerar que estas são as principais vias para a mitigação das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), e considera também as emissões associadas à desflorestação.

Scorecard_Portugal-2Tal como no ano passado, há, na opinião dos peritos, uma insatisfação generalizada em relação às medidas tomadas por cada país para assegurarem, à escala global, um aumento de temperatura inferior a 2ºC, em relação à era pré-industrial.
Portugal mantém 4º lugar

Neste décimo ano do CCPI, Portugal mantém a mesma posição em relação ao ano passado, melhorando em diversos indicadores – principalmente no que respeita ao nível de emissões – mas piorando na evolução recente das emissões associadas ao uso residencial e edifícios e à produção de eletricidade.

Deve-se ter em conta que os dados usados (os mais recentes à escala global) são provenientes da Agência Internacional de Energia e relativos a 2012.

Já na componente de política climática, avaliada para o ano de 2014, Portugal melhorou a cotação recebida, apesar de perder dois lugares em cada um dos rankings relativos às componentes nacional e internacional.

Portugal obtém neste índice de 2015 a classificação geral de “bom”, não havendo nenhum país com “muito bom”. Nos critérios ‘nível de emissões’, ‘evolução de emissões’ e ‘energias renováveis’ o resultado foi “moderado”; nos critérios ‘evolução da eficiência’ e ‘política climática’, o resultado foi “bom”.

Pela consistência de valores nos vários critérios e por comparação com os outros países, o resultado final foi considerado “bom”, estando entre os países com melhor performance.

 

Na crise, Portugal e Espanha com dois caminhos diferentes, Grécia a recuperar

Scorecard_Portugal-3Os países europeus mais afetados pela crise económica têm tido um comportamento diversificado em termos de política energética e climática.

Portugal é um exemplo de como lidar com a crise económica, obtendo resultados das políticas climáticas, reduzindo a dependência de recursos e lucrando com investimentos realizados por governos anteriores em áreas chave como as energias renováveis, ainda que alguns destes investimentos comprometam a biodiversidade e a integridade de áreas classificadas e relevantes para a conservação da natureza.

Por enquanto, Portugal manteve a sua posição, a qual pode estar contudo ameaçada pela política do atual governo, que já abrandou alguns dos investimentos benéficos, em particular nas energias renováveis e na diversificação de fontes.

Por outro lado, Espanha desce oito posições em relação ao ano anterior, após retirar toda a dinâmica de investimento nas energias renováveis e de adotar uma pior política internacional na área do clima.

Sob os efeitos da crise e do controlo económico da ”troika”, a Grécia abandonou numa primeira fase todas as políticas climáticas, mas está já a recuperar algumas posições.

 
Países marcantes no Índice

A Dinamarca mantém a 4ª posição (na prática a primeira, dado os três primeiros lugares estarem por preencher), face às suas políticas de redução de emissões e investimento em energias renováveis. A Suécia conseguiu reduzir em 70% as suas emissões no setor residencial nos últimos cinco anos e por isso merece a 5ª posição (na realidade 2º lugar).

Marrocos, com metas elevadas para as energias renováveis, é o melhor país em desenvolvimento e atingiu o Top 10 pela primeira vez.  A desaceleração do uso de energias renováveis penalizou a Alemanha, que se mantém em 22º lugar.

A Índia melhorou a sua posição pelo baixo nível de emissões de dióxido de carbono per capita, mas o total de emissões aumentou 40% nos últimos 5 anos.

Os Estados Unidos da América mantêm a sua posição, apesar de alguma redução de emissões no setor dos transportes.

A China é foco de grandes contradições, com um abrandamento do aumento das emissões, mas com enormes investimentos em energias renováveis insustentáveis (grandes barragens e biomassa), para além da aposta em novas centrais nucleares.

O Brasil perdeu 14 lugares pelo decrescimento de indicadores em todos os setores, sendo que se prevê uma melhoria no próximo ano devido à redução da desflorestação.

Nos últimos lugares, resultado da ausência de uma política climática ou devido a uma dependência enorme do uso de petróleo, encontramos o Canadá, Cazaquistão, Austrália e Arábia Saudita.

O relatório é disponibilizado em inglês pela Quercus através do blogue http://climaticas.blogs.sapo.pt e no sítio www.quercus.pt.

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