A luta contra a exploração de hidrocarbonetos no Algarve tem «um novo fôlego», depois de a sua causa ter recebido o apoio de 14 Organizações Não Governamentais de vários países, anunciou a Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP).
As diversas «instituições estrangeiras de renome», entre as quais se contam a norte-americana NRDC, a suíça Oceancare e a espanhola Alianza Mar Blava, enviaram um manifesto ao Governo português e aos ativistas anti prospeção de petróleo do Algarve, «deixando o seu alerta e preocupação perante os tremendos impactos negativos das pesquisas sísmicas nos ecossistemas marinhos, resultantes das atividades de pesquisa e prospecção de petróleo e gás natural em curso ao largo de toda a costa algarvia».
«Nesta declaração, frisam a elevada biodiversidade marinha que ocorre no Algarve, incluindo várias espécies de golfinhos, orcas, baleias-anãs, tartarugas-marinhas, aves marinhas e ainda vários peixes como o tubarão-azul. Reconhecem ainda o Algarve como uma zona paradisíaca, com praias de areias macias e douradas, consideradas gemas à espera de serem descobertas», segundo a plataforma.
As 14 ONG demonstraram, ainda, preocupação com os efeitos de uma eventual prospeção de petróleo, que «poderá ter consequências severas na pesca e no turismo, podendo mesmo, futuramente, vir a afetar a segurança alimentar dos algarvios».
No manifesto, é realçado que «o Algarve é uma das regiões portuguesas onde a pesca possui um impacto social bastante significativo, possuindo várias comunidades com tradições muito enraizadas e uma dependência económica nas pescas ou em atividades associadas à pesca ou ao marisco». O documento, completo, pode ser descarregado em PDF aqui.
Este será mais um argumento que a PALP poderá esgrimir, na sua luta contra a extração de hidrocarbonetos ao largo e em terra, no Algarve. Mas há muitos outros, já apresentados diretamente ao secretário de Estado da Energia pelos representantes da plataforma que foram recebidos em Lisboa pelo membro do Governo, na terça-feira.
«Neste encontro, a PALP reiterou a necessidade de revogação dos atuais contratos de concessão de direitos de prospecção, pesquisa, desenvolvimento e produção de petróleo no Algarve, bem como do atual Decreto-Lei que os regulamenta», revela a plataforma.
Além disso, foi entregue a Jorge Seguro Sanches um documento onde são enumerados «os efeitos lesivos desta atividade na região do Algarve, quer ao nível ambiental, quer económico, mormente no setor do turismo, e no bem-estar da sua população, actual e futura».
Segundo a PALP, o secretário de Estado «frisou que é do interesse do atual Governo reinvestir nas energias renováveis e trabalhar no sentido de um progressivo desinvestimento energético».
Entretanto, também a associação ambientalista Quercus, que integra a PALP, veio a público congratular-se pelo apoio que foi dado pelas suas congéneres estrangeiras à causa da plataforma.