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T3:E4 – Vila Nova da Rainha>>Valada

Fiz as pazes com os comboios. Para ir de Alverca até ao início da etapa, paguei um euro. Enquanto estava à espera na estação. tive o bónus de uma velhota simpática me desejar boa viagem, com um grande sorriso. Houve um comboio que me deu uma apitadela de cumprimento. Soube bem!

Vamos agora à etapa, que começou na estação de Vila Nova da Rainha, onde apanhei um estradão que foi sempre ao lado do caminho de ferro. Fiz o apeadeiro de Espadanal de Azambuja e cheguei à própria Azambuja.

O estradão foi um bocado chato, mas, considerando que a alternativa era ir pela EN3 (os livros ainda dão esta indicação, mas as apps já estão atualizadas), ainda bem que assim é.

No estradão, passei ao lado de um portão aberto onde estavam três grandes cães a descansar. Um deles ainda deu uma ladradela, mas apenas para marcar posição.

Dou mais umas passadas e, de repente, os três levantam-se e desatam a ladrar atrás de mim. Continuei a andar de fininho (se fosse cão iria com o rabinho entalado entre as pernas) mas afinal aquilo não era comigo. Os bichos tinham detetado que, num carro lá longe, vinha a dona (?) e eram o comité de receção. Mas assustaram…

 

 

Depois, foi seguir em frente, tendo o cuidado de cumprir a indicação “o portão é para fechar sff”, o que se faz de bom grado para evitar a referida EN3.

Já em Azambuja ia passando junto ao Museu Municipal Sebastião Mateus Arenque e não resisti a visitá-lo. É um museu moderno, agradável e que retrata bem as gentes da terra. Perdi (ganhei) algum tempo, mas também destas coisas se faz o Caminho.

Ao sair da cidade, estavam uns azulejos num muro em que “o dono desta quinta deseja boa sorte aos peregrinos”. Agradeci silenciosamente e arranquei por uma extensa ciclovia / percurso pedestre que ligou depois a outro estradão. Aqui entrei na parte agrícola da jornada. Era a lezíria, valas com água e terra castanho escura.

Muitos tratores a trabalhar e muito pó no ar. Mas atenção que aqui os tratores são a sério, não são como os daí de baixo. Estes são tão grandes que a malta tem que levantar bem a cabeça se quiser ver o condutor. Atrás dos tratores que lavravam, havia “rebanhos” de garças boieiras, exceto num caso em que rondavam uma vintena de rapinas. O respeitinho, mesmo entre as aves, é muito bonito…

 

 

Passei por dois aeródromos, o de Azambuja e o da Quinta do Alqueidão, que presumo que também devem estar ligados à agricultura.

A seguir ao estradão, lá veio o alcatrão, com exceção de um pequeno troço no final, tão novo que não estava referenciado em lado nenhum. Vê-se que o pessoal das autarquias anda agora a fazer caminhos pedestres a toda a força.

Cheguei ao albergue e aquilo parece a ONU. Até agora, já vi gente de Espanha, Itália, Alemanha, Canadá e esperam-se mais. Algarvios e portugueses, só eu. A língua em que (mais ou menos) nos entendemos, é o inglês.

Já tomei uma banhoca na única casa de banho que existe, escolhi o beliche de baixo, lavei a roupinha do dia, que ficou a secar na rua e vim escrever esta crónica aqui na praia fluvial de Valada, que também tem um baloiço panorâmico para o Tejo (passou aqui um pescador a dizer que apanhou um peixe-gato com mais de 10 kg…).

Está-se bem, mas foram 23 km de estradão e alcatrão com o calor a morder…

Leia os outros episódios da Temporada 3 da saga d’O Caminhante:

Episódio 1 – Junto à Sé de Lisboa, começa a Temporada 3 da saga do Caminhante
Episódio 2 – Hoje não temos couratos
Episódio 3 – Desventuras de um algarvio nas voltas da grande cidade

 

 

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