O homem que assassinou a sogra a tiro de caçadeira, na casa onde esta se encontrava, acompanhada pela ex-mulher e pelo ex-cunhado, há cerca de um ano, foi condenado esta sexta-feira a 16 anos de prisão, pelo Tribunal de Faro.
Esta pena única castiga o arguido, ex-agente da PSP, por três crimes, dois de homicídio simples, um dos quais na forma tentada, e outro de homicídio agravado na forma tentada.
Na leitura da sentença, o Juiz considerou como provado que o homicida tinha a intenção de matar a ex-companheira, quando saiu de casa acompanhado da caçadeira. Também terá escolhido o dia 10 de Março, uma terça-feira, por saber que as filhas da ex-companheira tinham catequese e lhe seria mais fácil entrar no prédio.
A pena não deixa ninguém satisfeito. Marco Rodrigues, filho da vítima mortal e ex-cunhado do arguido, considerou o castigo «demasiado leve», em declarações aos jornalistas, à saída do Tribunal. Já o advogado de defesa Augusto Agapito esperava uma pena «a rondar os dez anos», mas não avançou se vai apresentar recurso, algo que ainda terá «de analisar».
A sentença hoje proferida refere-se a um crime cometido no dia 10 de Março de 2015. Um homem, armado com uma caçadeira, disparou três tiros através da porta da casa onde a sua ex-mulher vivia com a mãe. Na altura, estava também em casa Marco Rodrigues, o seu ex-cunhado.
As filhas de Cristina Rodrigues (que não são filhas do homicida) não estavam dentro do apartamento, mas terão assistido ao crime, já que o homem as surpreendeu no corredor já com a arma na mão, segundo as próprias crianças.
Segundo descreve Marco Rodrigues, terão sido os gritos das meninas, «a pedir para que ele não fizesse mal», que o alertaram. «Eu estava na cozinha, mas percebi logo que estava a passar-se algo muito grave. Vim a correr e atirei-me contra a porta [que a sua mãe Maria Cândida, a vítima mortal, já estava a tentar fechar], fechando-a. Logo a seguir ouvi os tiros», contou.
Os três disparos atingiram mortalmente Maria Cândida, feriram Cristina Rodrigues num braço e Marco na face, ainda que sem gravidade.
Os tiros, considerou o juiz, foram disparados com a intenção de matar, já que entraram na porta «à altura do óculo, bem acima da fechadura, e «de cima para baixo», ou seja, «para causar danos, eventualmente mortais», a quem estava por detrás dela.
O arguido era caçador profissional há muitos anos, pelo que foi considerado conhecedor dos efeitos que um disparo de caçadeira teria.
Corrigida às 14h28 de dia 30 de Abril, retirando referências indevidas a um inexistente laço de parentesco entre o homicida e as duas crianças.