A Associação In Loco vai realizar um projeto piloto no Algarve, a partir de Agosto, para a criação de um Observatório de Segurança Alimentar e de uma estratégia de combate às situações de insegurança alimentar. O objetivo é que esta iniciativa possa ser replicado em todo o país.
Segundo a In Loco, a Direção Geral de Saúde «desafiou» a associação a avançar para este projeto que consiste num «ambicioso programa de avaliação regional do estado de insegurança familiar, de capacitação dos técnicos envolvidos nesta importante matéria e, fundamentalmente, de demonstração prática aos agregados familiares que se encontrem em situação de maior risco, como é simples e fácil proporcionar uma alimentação saudável e económica aos seus membros, tendo como princípios orientadores os da Dieta Mediterrânica».
O projeto conta com a parceria da Administração Regional de Saúde (ARS Algarve), de todos os municípios da região integrados na AMAL – e responsáveis pelas Comissões Locais de Ação Social, da Universidade do Algarve e da Segurança Social.
A In Loco explica que o programa de ação deste projeto piloto «terá uma duração de um ano e contará com uma equipa pluridisciplinar envolvendo nutricionistas, chefs, antropólogos, sociólogos e o apoio empenhado de uma rede regional de técnicos municipais e das entidades privadas e públicas operando na área social».
De acordo com a In Loco, «para mudar comportamentos e atitudes com impacto negativo no bem-estar dos agregados familiares, será necessário um esforço de toda a região para fazer chegar junto das famílias um conjunto de princípios simples e práticas fáceis de concretizar, mas que produzem efeitos de grande impacto na saúde dos seus elementos».
A associação explica que «um em cada dez agregados familiares portugueses já sentiu algum grau de insegurança alimentar, ou seja, devido a problemas económicos, teve dificuldade em propiciar aos seus membros alimentos saudáveis e em quantidades adequadas».
Para fugir a este problema, prossegue a In Loco, «muitas famílias abandonaram os saudáveis padrões alimentares tradicionais – como o Mediterrânico – e adotaram práticas alimentares desequilibradas que produzem impactos sérios na saúde, particularmente dos jovens e idosos».
O panorama nacional é, segundo a associação, «grave: já mais de metade da população tem excesso de peso ou é obesa, segundo o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física 2015-2016»,
Este inquérito revelou também que a obesidade e doenças relacionadas, como a diabetes, «são mais comuns nos mais pobres» e «os que mais estudaram são, normalmente, os que comem melhor».
De acordo com Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direcção-Geral da Saúde, são evidentes as influências das desigualdades sociais nas doenças de origem alimentar.
O Algarve «não está imune a este problema nacional e apresenta mesmo, nos resultados do inquérito de insegurança alimentar Infofamília, aplicado pela DGS desde 2011, elevados fatores de risco e valores preocupantes de abandono da Dieta Mediterrânica, particularmente nos jovens», conclui a In Loco.