A Liga para a Proteção da Natureza (LPN) apelou hoje, em comunicado a uma reavaliação do processo de reintrodução do lince-ibérico em Portugal, «designadamente no que respeita ao seu prazo de execução, a fim de garantir o seu sucesso a longo prazo e contribuir efetivamente para a recuperação da espécie».
A posição da LPN surge na sequência das notícias vindas a público sobre a intenção do Estado Português proceder à reintrodução de lince-ibérico na região do Vale do Guadiana já durante esta Primavera e após a reunião que aquela associação ambientalista manteve hoje, dia 26 de março, com o secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza.
A LPN reconhece que a reintrodução é «uma importante ferramenta no âmbito da conservação do lince-ibérico e um passo na recuperação da espécie a nível nacional».
No entanto, sublinha a mais antiga associação ambientalista portuguesa, «a reintrodução não deverá ser realizada sem que as necessárias condições ecológicas e sociais estejam devidamente salvaguardadas e antes que tal seja efetivamente possível com boas probabilidades de sucesso, o que potencialmente colocaria em causa todo o trabalho já realizado em Portugal para a recuperação da espécie».
«Muitos dos indícios apontam para que condições como a densidade de coelho-bravo (principal presa do lince-ibérico), riscos de mortalidade de origem humana, patologias de lince-ibérico, aceitação da reintrodução por parte da sociedade, existência de protocolos de colaboração com agentes locais não estejam asseguradas, e certamente necessitarão ainda de uma avaliação completa e adequada», sublinha a LPN.
A LPN revela ter reiterado, na reunião com o secretário de Estado Miguel Castro Neto estas «graves preocupações já expressas anteriormente ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) no âmbito da Comissão Executiva do Plano de Acção para a Conservação do Lince-ibérico em Portugal (PACLIP), sobre a fundamentação técnica que esteve na base desta decisão».
Atendendo à data em que a reintrodução alegadamente ocorrerá, a LPN questiona «como será possível colocar em prática todas as ações preparatórias para a reintrodução num tão curto espaço de tempo».
«Face a todo este contexto, enfatizamos a urgência de serem discutidas estas e outras questões com todos os parceiros envolvidos (no seio da Comissão Executiva do PACLIP), e reavaliado o processo e prazos da reintrodução de lince-ibérico em Portugal», frisa a associação, que considera «essencial concluir e assinar os convénios e acordos entre Organizações do Sector da Caça, proprietários e gestores locais, e o ICNF, essenciais para uma colaboração e compromisso alargado em prol da conservação do lince-ibérico na qual a LPN mantém todo o seu empenho».