Um milhar de peixes de água doce reproduzidos em cativeiro de duas espécies em perigo de extinção vão ser libertados nas ribeiras de Alferce/Arade, em Monchique, e de Colares, em Sintra.
A primeira operação de libertação no meio natural dos peixes ocorre no dia 30, em Colares, onde serão libertados 600 escalos do Sul (Squalius pyrenaicus), espécie com estatuto de conservação “Em Perigo”.
A segunda será realizada no dia 6 de maio na ribeira de Alferce, afluente do rio Arade (Alferce, Monchique), onde serão libertadas 400 bogas do Sudoeste (Iberochondrostoma almacai), espécie com estatuto de conservação “Criticamente em Perigo”.
Este projeto é uma iniciativa do Aquário Vasco da Gama, Unidade de Investigação em Eco-Etologia do Instituto Superior de Psicologia Aplicada e Quercus, que conta ainda como parceiros a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa e a Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos.
Está em curso desde 2008 com o objetivo reproduzir e manter populações ex situ de algumas das espécies de peixes de água doce mais ameaçadas no nosso país.
Os repovoamentos serão efetuados em troços dos rios de origem dos indivíduos inicialmente capturados para reprodutores, que apresentem características favoráveis à sobrevivência e reprodução dos peixes.
Sempre que possível, estes troços encontram-se associados a projetos de recuperação de linhas de água, envolvendo cidadãos e entidades que localmente efetuam uma monitorização mais ou menos formal destas bacias hidrográficas.
Ambas as espécies nasceram e foram criadas em cativeiro no Aquário Vasco da Gama, em tanques ao ar livre e em condições próximas das que existem na natureza.
O projeto de reprodução em cativeiro está a ser desenvolvido no Aquário Vasco da Gama (organismo cultural da Marinha, Algés) e em instalações do ICNF geridas pela Quercus, localizadas em Campelo (Figueiró dos Vinhos).
Cursos de água invadidos e degradados = extinção de espécies!
Os cursos de água nacionais encontram-se sob forte pressão, estando muitos deles sujeitos a uma degradação extrema.
Aos efeitos combinados das descargas de poluentes, urbanos e industriais, que contaminam os cursos de água com excesso de nutrientes, juntam-se verões prolongados e com pouca chuva, muitas vezes devastadores para os organismos fluviais.
Adicionalmente, a proliferação de espécies invasoras, vegetais e animais e as más-práticas de intervenção nos habitats ribeirinhos, contribuem também para aumentar os riscos a que se encontram sujeitos, em termos de conservação, as nossas espécies de peixes dulçaquícolas.
Nota: a imagem inicial é uma Boga-do-Sudoeste (Iberochondrostoma almacai)
Ilustração científica da autoria de Nuno Farinha®