Nem só de exploração de hidrocarbonetos, em terra e no mar, se falou este sábado, na Marcha pelo Clima, em Aljezur. A descaracterização causada pela agricultura intensiva no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e a exploração mineira de feldspatos na Serra de Monchique – e não só – foram também temas abordados pelos participantes.
José Amarelinho, presidente da Câmara de Aljezur e o autarca algarvio mais destacado na luta contra a exploração de hidrocarbonetos no Algarve e Costa Alentejana, num discurso vivo, como é o seu estilo, aproveitou para denunciar a expansão da agricultura intensiva naquela zona, com o plástico das estufas a invadir a paisagem, sem que as autoridades, nem sequer as responsáveis pelo Parque Natural, pareçam capazes de pôr cobro à situação.
«Todos nós somos a favor da agricultura moderna, mas não quando é intensiva. Como podemos propor trilhos de natureza saudáveis e qualidade de vida ao mesmo tempo que vemos gente de todo o mundo a ser despachada para cá para trabalhar nas estufas, em resultado das empresas americanas venderem franchisings das suas sementes e plantas?», interrogou o autarca socialista, citado pelo jornal de língua inglesa «Algarve Resident».
Por seu lado, Stephen Hugman, da associação ambientalista A Nossa Terra, de Monchique, chamou a atenção para a pressão que as empresas mineiras estão a fazer para começarem a exploração de feldspato na Serra de Monchique, nomeadamente na encosta sul da Picota.
Stephen Hugman, que também é membro da Assembleia Municipal, acrescentou que este órgão, na sua reunião de sexta-feira passada, vai pedir a especialistas relatórios sobre o impacto das duas eventuais pedreiras para extração de feldspato nas reservas de água que abastecem as aldeias e os furos e nascentes de privados. Também deverá avançar uma providência cautelar para travar o início da atividade de mineração.
Na Marcha pelo Clima em Aljezur, participou cerca de uma centena de pessoas, nomeadamente elementos de movimentos como a ASMAA de Laurinda Seabra, Tavira em Transição, e outros grupos ligados a questões ambientais em Odeceixe, Vila do Bispo, Vila Nova de Milfontes, Lagoa e Aljezur. Participou também o realizador António Pedro Vasconcelos, da Futuro Limpo.
Além do presidente da Câmara José Amarelinho, esteve ainda o vereador José Gonçalves, bem como João Vasconcelos, deputado algarvio do Bloco de Esquerda.
A Marcha Mundial do Clima, que surgiu após o apelo do People’s Climate Movement, nascido nos Estados Unidos da América, contou com a adesão de 15 países, reunindo associações, organizações e movimentos em defesa do clima e contra todas as atividades e políticas que promovem a emissão de gases com efeito de estufa. Em Portugal, houve marchas em Aljezur, Lisboa e Porto.
Fotos: Ana Carla Conceição e Anthony Ian Levet (a quem o Sul Informação agradece):