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Foto: Samuel Mendonça - Folha do Domingo
Foto: Samuel Mendonça – Folha do Domingo

A voluntária algarvia Lígia Gonçalves partiu esta terça-feira, de Faro, para o campo de refugiados de Idomeni, no norte da Grécia, na fronteira com a Macedónia, porque o sofrimento dos outros «nunca pode ser indiferente e nunca está demasiado longe».

«Chegam-nos apelos constantes para que possamos fazer lá chegar todos os bens materiais de que precisam, mas também pessoas que possam ajudar a distribuir esses bens. Temo-nos mantido em contacto com as redes de voluntários dos vários campos e, recebendo esta solicitação de Idomeni e sabendo que é nesta altura o [campo] mais necessitado de pessoas, decidimos ir para lá», revelou ao jornal diocesano ‘Folha do Domingo’.

O improvisado campo de refugiados de Idomeni, no norte da Grécia, era um pequeno local de passagem para cerca de 500 pessoas antes de a Macedónia ter fechado as fronteiras, no início de março e agora são 12 mil habitantes com «cafés e barbearias mas acima de tudo tendas enterradas em lama e expostas à chuva, ao vento e ao frio».

Embora considere que «fechar portas seja sempre uma coisa muito mazinha», a questão política para Lídia Gonçalves fica de fora, porque não quer «discutir se é humilhante ou não fechar portas».

«Unicamente sabemos que são pessoas que estão lá e que pertencem à mesma família humana que nós e têm que abandonar as suas casas e as suas terras, a sua liberdade e são dignas de algum esforço para que vivam melhor e para que tenham alguma vida», acrescentou.

«Elas nem pedem uma vida melhor, muitas vezes só pedem mesmo uma vida», observa.

A missionária algarvia revela que quer apenas a cada noite, quando se deita, pensar que consegue «fazer alguma coisa para que o mundo seja um bocadinho melhor».

Neste contexto, Lídia Gonçalves no concerto de solidariedade para os refugiados de Idomeni, que promoveu em Faro e onde angariou 362 euros, desafiou os presentes a «contagiar também outros no mesmo sentido».

«Há marginalizados, vulneráveis e necessitados em todo o sítio e cada um de nós pode sempre fazer alguma coisa, mesmo que seja só um pensamento de carinho», acrescentou, pedindo ainda que espalhem também pelas outras pessoas que quando ouvirem «falar de refugiados e de imigrantes não pensem em terroristas, em maus e em diferentes».

Ir para terra de missão não é novidade para Lídia Gonçalves que já participou em cinco missões em Moçambique, entre 2004 e 2008, onde trabalhou com comunidades locais, crianças órfãs de pais que morreram de SIDA e jovens estudantes.

«As experiências em Moçambique ajudaram-me a ter esta sensação de que faço parte do mundo. Os outros estão sempre no meu coração e interrogo-me sempre sobre o que é que posso fazer», disse.

No final do concerto solidário Lídia Gonçalves prometeu ainda que quando regressar a Portugal lança o desafio para encontrarem-se todos de novo e partilhar o que viveu.

«Para que o mundo inteiro caiba no coração de cada um de nós e não sejamos indiferentes e não achemos que Idomeni é o fim do mundo porque é ao pé de nós», concluiu.

sulinformacao

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