O Grupo Parlamentar do PCP exigiu ao Governo a «urgente contratação dos mais de 800 profissionais de saúde em falta na região algarvia», durante a audição parlamentar ao Ministro da Saúde, que decorreu esta quarta-feira.
Os comunistas baseiam a sua exigência em números da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algave, que apontam para a carência de «823 profissionais de saúde no Algarve, quer ao nível dos cuidados de saúde primários, quer ao nível dos cuidados hospitalares».
Os dados disponibilizados pelo presidente da ARS Algarve João Moura Reis, numa audição realizada no Parlamento na passada semana, revelam, segundo o PCP, que faltam «282 médicos (183 médicos nos hospitais + 99 nos centros de saúde), 159 enfermeiros (126 + 33), 15 técnicos superiores (8 + 7), 22 técnicos de diagnóstico e terapêutica (8 + 14), 101 assistentes técnicos (42 + 59) e 244 assistentes operacionais (114 + 130)», na região.
Ao nível de médicos, os números estão em linha com os avançados recentemente pela Ordem dos Médicos, que estima que faltem na região mais de 250 clínicos, dos quais 100 médicos de medicina geral e familiar e entre 100 a 200 médicos a nível hospitalar. No que toca a enfermeiros, os números ficam bem abaixo dos 350 enfermeiros em falta denunciados em abril pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses. Neste caso, está já a decorrer o processo de contratação de 45 enfermeiros.
Um processo de recrutamento que o ministro Paulo Macedo salientou, na audição de ontem, acrescentando que o Governo pretende contratar mais médicos de medicina geral e familiar e de outras especialidades, alguns deles estrangeiros, para a região do Algarve.
Anúncio que não convenceu os comunistas a baixar o tom das críticas, já que consideram que «a contratação de alguns médicos ou enfermeiros, anunciados pelo Ministro da Saúde, ficam muito aquém das necessidades».
«A falta de mais de oito centenas de profissionais de saúde no Algarve traduz-se numa acentuada degradação dos cuidados de saúde prestados às populações, de que são exemplo, a impossibilidade de o Serviço de Urgência Básica de Albufeira receber utentes com ferimentos por falta de assistentes operacionais para higienizarem as instalações, o encerramento ou o funcionamento deficiente do Serviço de Urgência Básica de Loulé por falta de médicos, os escandalosos tempos de espera para consultas externas nos hospitais de Faro e Portimão dos utentes referenciados pelos centros de saúde da região, que em algumas especialidades atingem vários anos», considera o Grupo Parlamentar do PCP.