A Igreja Católica não quer perder a “boleia” na Estrada Digital. Miguel Neto, pároco de Tavira e responsável pela comunicação da Diocese do Algarve, apresentou, na passada sexta-feira, na Ermida de S. Sebastião, em Tavira, o livro “Igreja e Encontro na Estrada Digital”, uma obra que olha para o fenómeno da Internet e das redes sociais e analisa o seu impacto na vida da Igreja, dos fiéis e da sociedade.
A ermida tavirense encheu-se para a apresentação do livro, que contou com a presença do padre Américo Aguiar, diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais.
O D. Manuel Quintas, Bispo do Algarve, Jorge Botelho, presidente da Câmara de Tavira, e Alexandra Gonçalves, Diretora Regional de Cultura, também quiseram conhecer o resultado da tese de doutoramento de Miguel Neto, agora publicado em livro.
Ao Sul Informação, o pároco de Tavira explicou que a ideia de estudar o tema surgiu porque «este era um assunto em que trabalhava na Diocese e que me interessava. O meu trabalho abordou a utilização das novas tecnologias e qual a sua utilidade para a Igreja Católica, qual o impacto que tem na vida das pessoas».
Para Miguel Neto, é necessário que a Igreja esteja a par das mudanças da sociedade: «se a forma de comunicar mudou, a nossa forma de nos relacionarmos enquanto Igreja também muda. Não estamos isolados da sociedade, estamos dentro».
O estudo do teórico da comunicação catalão Manuel Castells foi o ponto de partida. No seu trabalho, Castells «fala da evolução da sociedade em rede» abordando temas como a Cultura, ou a Política, «mas faltava-lhe a componente relacionada com a fé, como as pessoas praticam a fé na sociedade em rede. O objetivo do trabalho foi fazer essa extensão», explica Miguel Neto.
Segundo o pároco, «o facto de ser o gestor de redes sociais da Diocese do Algarve inspirou algumas das conclusões. Esse trabalho fez com que eu conhecesse um pouco os meandros das redes sociais e me interessasse por essa área. Ajudou a perceber a forma como podemos transmitir a mensagem para chegar a determinado público de uma maneira mais fácil, a entender o que se deve transmitir, ou quais os interesses das pessoas».
A Igreja Católica sempre utilizou os meios que foram surgindo para comunicar com os fieis. Primeiro a imprensa, depois a rádio e a televisão. Agora, a Internet e as redes sociais.
No entanto, segundo Miguel Neto, atualmente «quer a nível global, quer ao nível da Diocese do Algarve, estamos em fase de transição. Normalmente, estamos um degrau abaixo na questão da história da modernização. Ainda olhamos para o meio digital como um instrumento de transmitir uma mensagem».
Mas, para Miguel Neto, as redes sociais são mais do que um simples meio. «Há uma nova atitude, é importante percebermos como nos podemos mover nessa realidade. É deferente estarmos a relacionar-nos com um millenial, que nasceu depois do ano 2000, que comunica por Whatsapp, Twitter e Snapchat, ou comunicar com uma pessoa de 40 ou 50 anos, que gosta das mensagens da Igreja no Facebook».
O pároco assume que «que está a faltar “apanhar” as gerações mais novas, que utilizam massivamente outras redes sociais e as utilizam de forma instantânea e avassaladora. A mensagem cristã ainda não conseguiu entrar nesse âmbito».
Miguel Neto acredita que isso vai acontecer porque «estamos a passar da fase do instrumento para o ambiente», mas assume: «vai demorar anos», conclui.
O livro custa 20 euros e está à venda em Faro, na Loja da Diocese, e em Tavira, na Loja ArtGilão, na Igreja de Santa Maria. Também pode ser enviado por correio, através de pedido para o email artgilao@gmail.com.