O ministro da Saúde anunciou hoje, na Assembleia da República, a contratação de 45 enfermeiros, bem como de mais médicos de medicina geral e familiar e de outras especialidades, alguns deles estrangeiros, para a região do Algarve.
Paulo Macedo respondia na Comissão Parlamentar de Saúde a questões da oposição relacionadas com a falta de recursos humanos nas unidades de saúde do Algarve, denunciada ontem pela Ordem dos Médicos.
«Mais uma vez abrimos um número significativo de vagas», sublinhou o ministro. Paulo Macedo frisou: «tem havido um esforço como nunca houve no passado: médicos de outras nacionalidades que serão destinados ao Algarve, mais 45 enfermeiros, mais médicos de Medicina Geral e Familiar e médicos de outras especialidades, para o Algarve».
O ministro da Saúde defendeu ainda que, num contexto de crise, o financiamento do Serviço Nacional de Saúde até aumentou.
Uma posição bem diferente da Ordem dos Médicos. Ainda ontem, José Manuel Silva, bastonário da OA, tinha denunciado, em declarações à Antena1, que os serviços de saúde, no Algarve, «estão à beira da rutura» e «parece que não há preocupação com os doentes, da parte do Ministério da Saúde».
O bastonário deu mesmo exemplos de falhas nos serviços de saúde em concelhos algarvios de forte pendor turístico. «O Serviço de Urgência Básica de Lagos até já fechou por falta de clínicos. No serviço de urgência de Albufeira, não há funcionários para fazer a limpeza. Já estamos no verão e, mais uma vez, não há soluções», acusou.
Por seu lado, Jaime Teixeira, presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem, traçou um «quadro negro» nos Serviços de Urgência Básica (SUB) no Algarve, dando o exemplo da SUB de Loulé, que considerou muito preocupante porque a urgência já fechou alguns dias, só durante este mês, por falta de médicos.
A Ordem dos Médicos estima que faltem na região mais de 250 clínicos, dos quais 100 médicos de medicina geral e familiar e entre 100 a 200 médicos a nível hospitalar.
A Ordem dos Médicos distribuiu já um formulário e um endereço de email para que todos os clínicos possam fazer denúncias «de forma mais recatada e sem exposição pública».
Jorge Botelho, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) considerou que a falta de meios humanos nos serviços de Saúde da região, em particular nos SUB, é «calamitosa» e «prejudica gravemente» a imagem do Algarve enquanto destino turístico.
Diferente é a opinião de Pedro Nunes, presidente do Centro Hospitalar do Algarve, que defende que o problema da falta de médicos no Algarve não é uma situação sazonal, nem recente.
«É conhecida a falta de médicos no Algarve. Não é de agora. Quando eu era bastonário, já há anos, denunciei várias vezes essa situação e nunca foram tomadas medidas, na altura em que era fácil, em que havia dinheiro, em que se poderia criar condições para atrair os médicos para trabalhar na periferia», disse Pedro Nunes numa entrevista, esta manhã, à Antena1.
O presidente do CHA reconheceu ainda que a recente organização da carreira médica obrigou a outra gestão dos centros de saúde e do serviço prestado pelos médicos nas urgências dos hospitais, mas nega qualquer situação de rutura.