O presidente da Repsol anunciou hoje que a multinacional espanhola vai iniciar a perfuração e prospeção de gás natural ao largo do Algarve no próximo ano.
«Há bons reservatórios de gás no Algarve, que estão próximos de uns que a companhia já está a explorar, e queremos que Portugal, se vier a ser descoberto gás, passe a dispor de reservas no Algarve», disse Antonio Brufau, após uma audiência em Belém com o Presidente da República Cavaco Silva.
O presidente da Repsol acrescentou: «Queremos avançar com a exploração no Algarve e temos parceiros adequados. Estamos com a Partex, mas queremos mais um parceiro local. No caso de existir gás no Algarve, teríamos de construir as infraestruturas e ter um gasoduto para Sines».
«Estamos muito satisfeitos com a forma como as operações estão a decorrer. Aliás, [também] em Espanha, um país que está numa fase de claro crescimento, estamos a ver isso em termos do negócio, a crise tornou-nos cada vez mais eficientes», salientou.
Antonio Brufau manteve esta quarta-feira uma audiência com o Presidente da República para lhe dar a conhecer os projetos da Repsol em Portugal, nomeadamente de exploração do gás ao largo do Algarve, de marketing e de desenvolvimento da área do negócio do GPL (gás de petróleo liquefeito).
O gestor revelou que «no complexo petroquímico de Sines, estamos a ganhar eficiência, a trabalhar com matérias-primas mais eficientes. Trabalhávamos com a nafta, estamos agora a utilizar o propano e temos projetos para usar o etano, que nos permitirá recuperar competitividade».
Brufau realçou que a Península Ibérica tem «as melhores infraestruturas de gás e eletricidade da Europa, com sete unidades fabris [produtoras de gás] de um total de 11, que são sete portas para o mundo», defendendo que a Europa «não deve depender, quase que em exclusivo, do fornecimento de gás da Rússia».
Nesse sentido, salientou que, «na interligação do gás da Península Ibérica com a Europa, quem mais beneficia é a Europa, não é Espanha nem Portugal, porque já têm tudo, com os gasodutos que os unem à Argélia».
«Não ter em conta a Península Ibérica, quando há uma crise na Ucrânia e um único fornecedor, por mais seguro que seja, parece-me uma certa irresponsabilidade. A direção adequada passa por uma política energética comum na União Europeia», além do abastecimento através da Península Ibérica, concluiu o presidente da Repsol, nas suas declarações finais aos jornalistas.