O deputado social-democrata eleito pelo Algarve Mendes Bota juntou-se às vozes que reivindicam a rápida conclusão da obra na EN 125 (a que se refere como ER 125). Numa intervenção na Assembleia da República, o parlamentar pediu ao Governo «que no mais curto espaço de tempo promova o resgate desta concessão e conclua as obras previstas».
Na mesma ocasião, analisou os números dos investimentos previstos no Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas (PETI), concluindo que o investimento em infraestruturas prioritárias na região apenas merece «0,9 por cento» da contrapartida nacional nas intervenções a fazer, em todo o país.
Conforme o Sul Informação noticiou esta quinta-feira, a maioria do investimento que o PETI preconiza para o Algarve, a ser realizado até 2020, será feito pela ANA Aeroportos, que gastará 66 milhões de euros a requalificar o Aeroporto de Faro. O setor público vai investir 65 milhões (eletrificação da Linha do Algarve, com ligação da ferrovia ao Aeroporto e investimentos nos Portos de Portimão e Faro) , mas a maior parte desta verba virá de Fundos Comunitários, o que significa que o Algarve apenas receberá 17 milhões, quando a contrapartida nacional em todas as obras previstas no PETI ascende aos 1880 milhões de euros.
«Compreendo que a lógica deste Plano Estratégico está subordinada ao interesse nacional de promover o crescimento económico, apoiar as empresas, criar empregos, aumentar a competitividade e a mobilidade, num quadro financeiro apertado. Mas não posso deixar de assinalar que o Algarve tem a ver com todos esses objectivos estratégicos e que, num investimento total de 6.067 milhões de Euros, o Algarve é contemplado apenas com 131 milhões de Euros, ou seja, 2,1 por cento do total», afirmou o deputado algarvio.
Nesta intervenção, o parlamentar avançou com «um comentário geral, uma dúvida em particular e uma reivindicação específica», esta última relativa à EN 125.
E se o comentário geral foi para a baixo peso dos investimentos no Algarve no esforço global, a «dúvida em particular» prende-se com a verba destinada à requalificação dos portos comerciais de Faro e Portimão.
«Não consigo descortinar como será possível, apenas com 10 milhões de Euros, fazer a dragagem do túnel de acesso e da bacia de rotação no Porto de Portimão, que permita receber navios de cruzeiro de maior porte, colocando-se até a fasquia nos 250.000 passageiros/ano, aliás como sempre defendi. Só que isto pressuporia também o prolongamento do cais de acostagem comercial em mais 220 metros de extensão», disse Mendes Bota.
«Por outro lado, como é possível melhorar as condições operacionais de cais e infraestruturas/equipamentos de apoio, para a movimentação de passageiros e de cargas nos Portos de Portimão e de Faro dentro daquela previsão orçamental? No caso das mercadorias estima-se um aumento de 50% na capacidade instalada de movimentação: de 400 mil para 600 mil tonenaldas/ano. A pergunta é: como fazer tudo isto apenas com 10 milhões de Euros, sob pena de não se atingirem os objectivos a que o próprio Plano se propõe? Serão obras, ou “obrinhas”?», questionou, prometendo dirigir uma pergunta ao Governo sobre este assunto.