O Governo confirmou que houve uma forte diminuição de médicos especialistas nos hospitais do Algarve, nos últimos quatro anos, e que está a procurar colmatar estas falhas recorrendo «a contratação de profissionais em regime de contrato de trabalho, contrato de prestação de serviços e mediante recurso às figuras de mobilidade previstas na lei».
O Ministério da Saúde respondeu a uma questão apresentada por deputados do PCP sobre «a falta gritante de médicos no Centro Hospitalar do Algarve (CHA)», feita no sentido de perceber o que estava a ser feito para contrariar a situação. O Grupo Parlamentar comunista também pediu dados sobre entradas e saídas de especialistas, desde 2011, e o número total de médicos que hoje trabalham nos hospitais algarvios, que foram fornecidos pelo Governo.
Os números revelam que há, atualmente, menos 87 especialistas a trabalhar no CHA, do que havia em 2011. Segundo o Governo (baseado num relatório do próprio centro hospitalar algarvio do final de 2015), houve 156 saídas de médicos e apenas 69 entradas em quatro anos. O Ministério da Saúde acrescenta que as três unidades hospitalares contavam, no final de 2015, com 409 clínicos.
Dos 156 médicos que deixaram de pertencer aos quadros do hospital, só 38 se aposentaram, tendo os restantes 118 saído «por outros motivos».
Na questão que haviam feito ao Governo, os deputados comunistas, entre os quais se conta o parlamentar eleito pelo Algarve Paulo Sá, já haviam salientado uma quebra na prestação de serviços de saúde, verificada desde a fusão dos três hospitais algarvios.
«O número de consultas externas no Centro Hospitalar do Algarve (hospitais de Faro e Portimão) diminuiu de 328.308 em 2011 para 299.987 em 2014. Os tempos médios de espera para essas consultas são inaceitáveis, atingindo em algumas especialidades centenas de dias (no Hospital de Faro, de acordo com dados disponibilizados pela ARS do Algarve em março de 2015: 789 dias em Oftalmologia, 699 dias em Urologia, 663 dias em Neurocirurgia, 627 dias em Ortopedia e 428 dias em Reumatologia)», descreveu o PCP, na pergunta feita à tutela.