Há profissionais do Hospital de Portimão à espera de uma consulta de despiste de tuberculose há mais de 3 meses, depois de terem estado em contacto com um utente com esta doença contagiosa.
Em causa está a falta de médico de saúde ocupacional (medicina no trabalho) na Administração Regional de Saúde do Algarve, um problema denunciado pelo Sindicato dos Enfermeiros numa reunião que manteve com o deputado do PS Miguel Freitas e com o qual o parlamentar eleito pelo Algarve já confrontou o Governo.
O deputado algarvio já fez uma exposição ao Ministério da saúde, onde questionava se a tutela tinha conhecimento deste caso e que medidas pensa tomar, e vai confrontar diretamente o ministro Paulo Macedo numa audição parlamentar que terá lugar amanhã, quarta-feira.
Além desta falta de acompanhamento médico regular dos profissionais de saúde algarvios, Miguel Freitas também levou à Assembleia da República outra grande preocupação dos enfermeiros que trabalham no Algarve, a da harmonização dos salários dos enfermeiros contratados recentemente e os que já estavam antes no Centro Hospitalar do Algarve (CHA).
Este foi, de resto, uma das questões que motivou os dois dias de Greve de Enfermeiros, em novembro passado. Tudo porque há enfermeiros contratados recentemente que estão a ganhar mais do que profissionais que estão na casa, em alguns casos, há mais de dez anos.
«Com efeito, existem três situações distintas: Contratos Individuais de Trabalho (CIT) celebrados com o “ex” Hospital de Faro (35 horas semanais por 1.020 euros; aproximadamente 450 enfermeiros), CIT celebrados com o “ex” Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio – Hospitais de Portimão e Lagos (40 horas semanais por 1.165 euros; aproximadamente 400 enfermeiros) e novos CIT efetivados pelo CHA, já em 2014 (também 40 horas semanais, mas já por 1.201 euros; aproximadamente 90 enfermeiros)», elenca Miguel Freitas, na sua exposição.
«Esta situação é ainda mais estranha quando sabemos que há hospitais no país que já fizeram a harmonização salarial dos enfermeiros com CIT no montante de 1.201 euros, tais como o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, o Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, a Unidade Local de Saúde de Matosinhos e os três hospitais da Região Autónoma dos Açores», acrescentou.
O deputado eleito defende que «a injustiça criada por esta diferenciação está a incutir enorme insatisfação entre os enfermeiros, porque quem inicia agora funções tem um vencimento superior a quem já trabalha há mais anos e existem diferenças de tratamento entre estabelecimentos de saúde».
Miguel Freitas também chamou a atenção para «a escassez de enfermeiros e de enfermeiros especialistas», sendo o Algarve a região «com a mais baixa taxa de enfermeiros por mil habitantes, encontrando-se abaixo das médias nacional e europeia».
Como foi anunciado pelo ministro Paulo Macedo, numa visita que fez ao Hospital de Faro, na passada semana, foram contratados, desde a criação do CHA, 88 enfermeiros para os hospitais algarvios. Mas, revela Miguel Freitas, saíram, entretanto, 57 profissionais, o que leva a que o aumento se tenha ficado pelos 31 enfermeiros.
Valendo-se dos números apresentados pela ARS do Algarve, que apontava para a falta de 156 enfermeiros, o deputado realça que continuam em falta 115 destes profissionais de saúde.
Além disso, «quer nos cuidados primários, quer no Centro de Reabilitação Física do Sul, não foram abertos quaisquer concursos» para contratação de enfermeiros.