A redução das portagens na A22 e noutras ex- SCUT (estradas Sem Custos para o Utilizador), decretada pelo Governo em Agosto, foi o «mínimo dos mínimos» que seria possível, na sequência da renegociação que foi promovida pelo anterior executivo, garantiu este sábado Pedro Passos Coelho, num encontro com jornalistas regionais, em Albufeira.
O ex-primeiro-ministro e atual presidente do PSD assegurou que um estudo encomendado quando ainda liderava os destinos do país apontava para a possibilidade de diminuir as portagens na Via do Infante «entre 30 a 35 por cento» e que a redução de 15 por cento decretada pelo Governo foi a menor possível.
«O Governo PS ficou-se pelo mínimo dos mínimos, que, só pelo efeito da quantidade, garantia que o Governo iria encaixar mais dinheiro com as portagens», acusou. Ou seja, agora paga-se menos pelas portagens, mas o Estado encaixa mais dinheiro, tendo em conta que há mais veículos a circular na A22.
E até podia ter sido o anterior Governo a avançar com uma redução, o que só não aconteceu, garantiu Passos Coelho, por se estar em cima das Eleições Legislativas. «Nós tínhamos tudo pronto para avançar, mas, como eu disse na altura, não o faríamos dada a proximidade das eleições», revelou, adiantando que sempre se recusou a usar a sua posição para obter dividendos eleitorais, algo que «tem a certeza» que está agora a acontecer com o Governo PS, em relação às Autárquicas.
Já sobre qual seria a dimensão do corte no preço das portagens, caso tivesse sido eleito, o presidente do PSD diz não poder avançar com um valor, até porque «dependeria muito se incluíssemos apenas a classe turística ou se a medida fosse também aplicada aos pesados».
Para Pedro Passos Coelho, falar em portagens é, pelo menos agora, falar das obras da EN125. O ex-primeiro-ministro, cujo executivo implementou as portagens nas ex-SCUT, defende agora que as portagens na Via do Infante «deviam ser suspensas» enquanto durarem as obras na estrada que liga Vila do Bispo a VRSA.
Uma medida que foi reclamada por muitas vezes pelas forças vivas da região, durante a anterior legislatura, mas que nunca foi aceite pelo Governo que Passos Coelho liderou. A aparente mudança de visão do líder dos social-democratas é justificada pelo peso das obras agora em curso. «Quando as obras se manifestam com esta intensidade, devia haver suspensão», disse.
Não se pense, com isto, que o líder do PSD defende que não deve haver portagens. Pedro Passos Coelho reafirmou que preconiza a cobrança de taxas nas ex-SCUT e o princípio do utilizador-pagador, mas considera que deve haver «uma discriminação positiva», ou seja, descontos, nas zonas deprimidas e também nas estradas que «não foram pagas com o dinheiro dos contribuintes portugueses», como é o caso da Via do Infante, que foi paga, em grande medida, por Fundos da União Europeia.
Este foi apenas um dos assuntos que esteve em cima da mesa, numa conversa onde se tocaram alguns dos temas mais quentes da atualidade algarvia, como as questão ligadas à saúde e às dificuldades do SNS na região, as eleições autárquicas deste ano, o investimento público e a regionalização, entre outros.