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Perto de duas centenas de pessoas manifestaram-se esta quinta-feira à porta da Assembleia da República contra a prevista exploração de petróleo no mar, cerca de 47 quilómetros ao largo da costa de Aljezur e Odemira.

Enquanto isso, representantes de associações e autarcas estavam a ser ouvidos no Parlamento, no âmbito da análise da petição que reuniu cerca de 42 mil assinaturas contra o furo do consórcio ENI/GALP na bacia do Alentejo, ao largo de Aljezur.

Na audição, José Amarelinho, presidente da Câmara de Aljezur, pediu aos deputados empenho junto do Governo para que acabe com os contratos que permitem a prospeção, considerando que o processo foi pouco transparente e vai causar prejuízos à população e à região.

O autarca socialista, que tem sido um dos mais ativos contra a exploração de hidrocarbonetos no Algarve, sugeriu mesmo a criação de uma comissão de inquérito parlamentar, que analise todo o processo, e acusou o Governo de ceder aos interesses das petrolíferas.

No exterior os manifestantes, concentrados desde as 13h00 frente à Assembleia da República, gritaram “Não ao furo, sim ao futuro” e, por entre palavras de ordem e coreografias mais ou menos elaboradas, exibiram cartazes onde diziam “Surf e oil não são compatíveis”, “Oil-Algarve, no thanks”, “Por um futuro com energia solar descentralizada”.

A manifestação foi convocada pela associação “Algarve Surf And Marine Activities” (ASMAA), que, com este protesto, pretendeu dar voz às populações do Algarve e do Alentejo, nomeadamente as do Parque Natural da Costa Vicentina, que se opõem às intenções do consórcio ENI/GALP de avançar para a prospeção de um furo petrolífero no mar.

A organização critica ainda as “irregularidades” no licenciamento do projeto e o “desprezo” do Governo pelos mais de 42.000 contributos contra o furo recebidos na consulta pública.

Por seu lado, em declarações à Rádio Renascença, José Alberto Guerreiro, presidente da Câmara de Odemira, disse que “não faz qualquer sentido” aceitar a exploração de petróleo na Costa Sudoeste, “ainda por cima, de frente para um parque natural, com regimes de proteção tão exigentes para as populações”.

“Esta é toda uma costa envolvida em valores ambientais únicos a nível europeu com espécies protegidas”, frisou o autarca alentejano em declarações à Renascença.

Há várias providências cautelares à espera de decisão, nomeadamente as interpostas pela Comunidade Intermunicipal do Algarve, pelo que o autarca espera que os tribunais travem a exploração de petróleo no Sudoeste.

A autorização dada ao consórcio ENI/GALP para fazer a prospeção offshore já motivou protestos de associações e movimentos ambientalistas, de pescadores, mas também do NERA – Associação Empresarial do Algarve, da Região de Turismo do Algarve, bem como moções em diversos órgãos autárquicos, como a Câmara de Odemira.

O presidente executivo da Galp Energia afirmou, na terça-feira, que a perfuração marítima ao largo da costa alentejana pode acontecer ainda este ano.

De acordo com Carlos Gomes da Silva, o poço exploratório de petróleo na costa alentejana, a cerca de 80 quilómetros de Sines, terá que avançar entre Abril e Maio, época em que as condições do mar o permitem.

 

Fotos de José Gonçalves, a quem o Sul Informação agradece:

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